Lançado durante os Jogos Olímpicos do Rio em 2016, em uma parceria entre a Gastromotiva e a Food for Soul, fundação do chef italiano Massimo Bottura e do jornalista Ale Forbes, o Refettorio Gastromotiva é um dos grandes legados da cidade.
Criada no histórico bairro da Lapa pelo empreendedor social David Hertz, a filosofia central da associação é usar a comida e a gastronomia como motores de transformação social. E, em especial para 2025, a ONG se prepara para o Encontro das Comunidades Gastromotiva, previsto para outubro, com foco em networking e troca de conhecimentos.
Combate à insegurança alimentar e ao desperdício, formação profissional e dignidade são os pilares dessa iniciativa, que se autofinancia por meio de diversas ações, começando pelo restaurante aberto ao público de segunda a sexta, das 11h30 às 15h (às vezes até com menus de chefs estrelados), e que viabiliza jantar para mais de 100 pessoas em situação de vulnerabilidade (cada almoço vendido custeia três refeições completas à noite).
Além disso, graças a atividades como team building, catering e organização de eventos, a Gastromotiva oferece cursos de capacitação gratuitos em parceria com universidades, abrindo novas oportunidades de emprego para milhares de jovens de baixa renda.
Alguns desses alunos alcançaram sucesso notável, como Danilo Parah, que em 2024 recebeu três indicações do Guia Michelin por seus restaurantes (Rudä, Ízär e Mäska, todos no Rio), ou o chef Vagner Luiz, que criou o Projeto Crescer para dar esperança de futuro a jovens de favelas.
"Em um mundo marcado por desigualdades, desperdício e crise climática, a Gastromotiva prova que a gastronomia vai muito além do prato: é uma ferramenta de transformação social, econômica e ambiental. Cada refeição servida, cada jovem capacitado, cada quilo de comida reaproveitado é um ato concreto de regeneração de pessoas, territórios e relações. Cozinhar hoje também significa cuidar do planeta e reconstruir laços de humanidade", explica Hertz à ANSA.
Ele ressalta que a grave insegurança alimentar atinge 7,9% dos lares do Rio; em números absolutos, 489 mil pessoas am fome. Segundo o Mapa da Fome de janeiro de 2024, cerca de 2 milhões de cariocas vivem com "algum grau de privação", e 21.023 estão em situação de rua.
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