Giovanni Brusca, mafioso italiano que participou do atentado contra o juiz Giovanni Falcone em maio de 1992, está livre novamente.
Ele cumpriu pena de 25 anos de prisão e, após quatro anos de liberdade condicional, não tem mais pendências com a Justiça, o que provocou indignação na Itália.
Ex-chefe da Cosa Nostra em San Giuseppe Jato, na Sicília, Brusca acionou o telecomando que deflagrou a explosão responsável pelas mortes de Falcone, da esposa do juiz antimáfia, sca Morvillo, e de três agentes de sua escolta: Vito Schifani, Rocco Dicillo e Antonio Montinaro.
Ele é autor de dezenas de homicídios, incluindo o de Giuseppe Di Matteo, menino dissolvido em ácido pela máfia em 1996, ano em que foi preso. Após uma delação inicial falsa, Brusca decidiu colaborar com a Justiça e escapou da pena perpétua.
O antigo mafioso vive hoje longe da Sicília, sob uma identidade falsa e um programa de proteção para delatores. "Sei que foi aplicada a lei, mas estou muito amargurada. Acredito que isso não seja justiça nem para os familiares [das vítimas], nem para as pessoas de bem", afirmou Tina Montinaro, viúva de Antonio Montinaro, chefe da escolta de Falcone no dia do atentado.
Já Giuseppe Costanza, ex-motorista do juiz e sobrevivente da explosão, disse que Brusca "nunca deveria ter saído da prisão".
"Viva a Itália, vamos festejar a libertação", ironizou. Maria Falcone, irmã de Giovanni Falcone, também relatou a "dor e profunda amargura" pela soltura, mas lembrou que a lei sobre colaboradores da Justiça foi desejada pelo próprio juiz, que a considerava indispensável para combater as máfias.
"Brusca se beneficiou dessa normativa e teve um impacto significativo na luta contra a Cosa Nostra", salientou Maria. Por outro lado, ela destacou que a delação não foi "plenamente exaustiva", sobretudo no que diz respeito aos bens do mafioso, muitos dos quais ainda não foram rastreados.
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