O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou uma "trégua de Páscoa" na guerra contra a Ucrânia, em meio aos entraves nas negociações com os Estados Unidos para colocar fim a um conflito que já dura mais de três anos.
"A partir das 18h00 [meio-dia em Brasília] de hoje até a meia-noite de domingo [18h em Brasília], o lado russo anuncia uma trégua de Páscoa", disse o líder do Kremlin em uma conversa televisionada com o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov.
"Ordeno a cessação de todas as ações militares para esse período", acrescentou Putin, que citou "considerações humanitárias" para justificar o breve cessar-fogo. "Acreditamos que a parte ucraniana seguirá nosso exemplo", salientou o presidente.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no entanto, ironizou a trégua de Páscoa e disse que Moscou lançou um ataque com drones contra o país.
"Quanto à enésima tentativa de Putin de brincar com as vidas humanas, neste momento os alarmes antiaéreos estão acionados em toda a Ucrânia", escreveu o líder no X.
"Às 17h15 [11h15 em Brasília, 45 minutos antes do início do cessar-fogo], drones de ataque russos foram detectados em nossos céus. A defesa aérea e a aviação ucraniana já começaram a trabalhar para nos proteger", acrescentou Zelensky.
Segundo o presidente, os "drones Shahed", de fabricação iraniana, mostram a "verdadeira postura de Putin em relação à Páscoa e à vida humana". Barulhos de explosões foram ouvidos inclusive na capital Kiev, onde as forças antiaéreas interceptaram drones lançados pela Rússia.
Já o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andriy Sibiga, lembrou que Kiev já concordou com um cessar-fogo provisório de 30 dias, proposta apresentada pelos EUA, mas ignorada por Moscou. "Sabemos que não é possível confiar nas palavras de Putin e avaliaremos os fatos, não os discursos. A Rússia pode aceitar a qualquer momento a oferta de um cessar-fogo completo e incondicional por 30 dias, na mesa desde março", ressaltou o chanceler.
Em 2025, a Páscoa católica e a ortodoxa - vertente majoritária na Rússia e na Ucrânia - caem na mesma data, um fato raro desde o Grande Cisma que dividiu o cristianismo em 1054.
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