Israel realizou uma série de bombardeios contra o Irã na madrugada desta sexta-feira (13) e aumentou o temor de uma guerra generalizada no Oriente Médio, já palco de um conflito com mais de 50 mil mortos na Faixa de Gaza.
Segundo o governo israelense, os ataques miraram alvos ligados ao programa nuclear da república islâmica, a quem Tel Aviv acusa de acelerar o enriquecimento de urânio para conseguir fabricar bombas atômicas. Teerã, por sua vez, assegura que suas atividades nucleares têm fins pacíficos e prometeu reagir aos bombardeios.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que mais de 200 aviões de combate foram usados no ataque, que atingiu bases militares e a usina de Natanz, coração do programa atômico iraniano. A operação também matou o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e pelo menos seis cientistas nucleares, além de deixar mais de 90 feridos.
"Acabamos de realizar um golpe inicial muito bem-sucedido e, com a ajuda de Deus, obteremos muitíssimos resultados", afirmou o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, indicando que a ofensiva pode durar vários dias.
Já o ministro da Defesa, Israel Katz, disse que o Irã está "mais determinado do que nunca a cumprir o objetivo de destruir" o país. "Este é um momento decisivo na história do Estado de Israel e do povo judaico", acrescentou.
As IDF também alegaram que o regime iraniano está a "poucos dias", caso queira, de "possuir material suficiente para 15 bombas nucleares". "Chegamos a um ponto de não retorno", reforçou o chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir.

Os Estados Unidos asseguraram que não estão envolvidos nos ataques, mas o presidente Donald Trump instou o Irã a aceitar um acordo sobre seu programa nuclear - uma nova rodada de negociações entre Washington e Irã estava marcada para domingo (15), em Omã.
"Certos iranianos intransigentes falaram com coragem, mas eles não sabiam o que estava para acontecer. Agora estão todos mortos, e só vai piorar. Já houve muita morte e destruição, mas ainda está em tempo de fazer com que esse massacre, com os próximos ataques planejados sendo ainda mais brutais, seja interrompido. O Irã precisa fazer um acordo antes que não sobre nada", escreveu Trump nas redes sociais.
Reações
Após os ataques, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o "regime sionista procurou um destino amargo e doloroso" e sofrerá uma "dura punição". O líder também nomeou Mohammad Pakpour como novo comandante da Guarda Revolucionária e Abdolrahim Mousavi para substituir Bagheri no Estado-Maior.
Já o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o Irã tem o "direito legítimo" de responder aos bombardeios israelenses e que as Forças Armadas "defenderão o país com toda a sua potência". "Foi uma clara agressão à integridade territorial e à soberania nacional do Irã", disse a chancelaria, acrescentando que a "agressão não poderia ter sido realizada sem o aval dos Estados Unidos, que, como principais apoiadores de Israel, também são responsáveis".
Por sua vez, o ministro da Defesa, Aziz Nasirzadeh, garantiu que o país está "plenamente preparado para enfrentar anos de combates contínuos". O Irã, que considerou os ataques israelenses uma "declaração de guerra", também pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito. Teerã já lançou uma primeira leva de mais de 100 drones contra Israel, mas todos foram interceptados.
Enquanto isso, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) monitora a situação na usina nuclear de Natanz, mas afirma que, até o momento, não houve aumento de radiação no local. O Irã itiu danos ao complexo, porém assegurou que não houve vítimas no local.
"Isso é profundamente preocupante. Já repeti diversas vezes que plantas nucleares jamais podem ser atacadas, independentemente das circunstâncias", alertou o chefe da Aiea, Rafael Grossi.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou Israel que "os Estados-membros das Nações Unidas precisam agir em conformidade com o direito internacional".
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