A Coreia do Sul vai às urnas nesta terça-feira (2) para escolher o novo presidente do país e restaurar a estabilidade seis meses após a fracassada e desajeitada tentativa do então mandatário Yoon Suk-yeol, deposto em abril por um impeachment, de declarar lei marcial em dezembro do ano ado.
Seis meses de um caos que está entre as páginas mais sombrias do país nos últimos 40 anos, com direito a confrontos nas ruas e nos tribunais, em meio a um cenário de dificuldades na economia, tarifaços de Donald Trump e ameaças à segurança por parte da Coreia do Norte.
O favorito à vitória é o progressista Lee Jae-myung, o candidato do Partido Democrático, seguido por Kim Moon-soo, membro do conservador Partido do Poder Popular, antiga legenda de Yoon.
As pesquisas mostram Lee, um advogado de 61 anos que disputa a presidência pela segunda vez seguida, à frente com quase 50% das intenções de voto, enquanto seu principal adversário tem 36%.
Se o sentimento das sondagens estiver correto, a crise aberta por Yoon pode criar um período sem precedentes para o Partido Democrático, que pela primeira vez iniciaria um mandato presidencial com controle absoluto da Assembleia Nacional, o parlamento unicameral da Coreia do Sul.
Todos os presidentes progressistas anteriores assumiram o governo com minorias legislativas, mas agora a legenda pode ter carta branca para implementar todas as suas políticas, pelo menos até as próximas eleições legislativas, em 2028.

Não por acaso, Kim, ex-ministro do Trabalho de Yoon, tentou argumentar durante a campanha que o país cairia em uma ditadura com a vitória de Lee, ex-governador de Gyeonggi, a província mais populosa da Coreia do Sul.
O favorito, por sua vez, buscou moderar o tom a respeito de todas as questões: falou pouco sobre tarifas americanas, a não ser sobre a necessidade de encontrar novos mercados para exportações; defendeu uma aliança sólida com os Estados Unidos e boas relações com o Japão; endossou o objetivo de retomar o diálogo com a Coreia do Norte e aliviar as tensões com a China.
Uma pesquisa realizada no início de maio pelo jornal Dong-a Ilbo revelou que 41% dos entrevistados citaram a economia como o principal problema do país, cujo Banco Central reduziu pela metade a previsão para o produto interno bruto (PIB) em 2025, para 0,8%.
A política externa, incluindo a relação com os EUA e a ameaça nuclear de Kim Jong-un, está no fim da lista de prioridades. Por esse motivo, observadores afirmam que, com as ruas ainda abrigando protestos, a eleição presidencial não será a panaceia para aliviar as tensões. Em outras palavras, a incerteza política continuará.
Enquanto isso, a polícia mobilizou 30 mil agentes em 14,3 mil seções eleitorais em todo o país. As urnas abrem às 6h (18h de segunda em Brasília) e fecham às 20h (8h de terça em Brasília), mas quase 35% dos 44,3 milhões de eleitores votaram antecipadamente.
A apuração deve durar poucas horas, e o novo presidente tomará posse no dia 4 de junho.
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